|
|
|
Como começou o artesanato em Piúma
A atividade de produção de artesanato de
conchas e búzios
no município de Piúma começou
efetivamente em 1962,
por iniciativa da Sra. Carmem Muniz
Guimarães.
No começo, Dona Carmem fornecia
matéria-prima para artesãos de Guarapari,
atividade que logo foi deixada de lado
na medida em que ela descobriu que
também poderia confeccionar algumas
peças de artesanato, o que lhe
proporcionaria uma renda maior.
Nessa sua primeira fase, as vendas
atingiram turistas de Piúma, Iriri,
Marataízes, Guarapari e Nova Almeida.
Com o progresso de Dona Carmem, surgiram
outras oficinas. No entanto, aquelas
pessoas que não podiam criar o seu |
|
|
Dona Santa,
mangueadora
tradicional em Piúma
|
|
próprio negócio, tornavam-se suas
vendedoras, distribuindo peças recebidas
através do sistema de consignação.
O artesanato de conchas no município foi
se desenvolvendo cada vez mais, a ponto
da proprietária de uma residência de
Piúma encomendar a Dona Carmem a
confecção de uma sereia em um painel na
parede, obra essa que existe até hoje.
Ao final da década de 70, esteve a
passeio em Piúma a professora da UFES
Adelzira Madeira, acompanhada do
jornalista Rogério Medeiros, os quais
tiveram a sua atenção despertada para o
painel da sereia. Esse acontecimento deu
origem ao livro “O Mundo Encantado das
Conchas”, que contribuiu de forma
bastante expressiva para a divulgação do
artesanato de conchas, bem como, do
município de Piúma.
A partir daí, os artesãos piumenses
começaram a participar de exposições
fotográficas e de todas as mostras de
folclore e cultura, o que levou as
principais peças do artesanato local, o
colar e o bibelô, a experimentarem um
salto no mercado nacional.
É interessante frisar que já na década
de 80 a comercialização de peças atingia
o mercado internacional, nos países
Argentina, Chile, Venezuela, Uruguai e
as Guianas.
Mais recentemente, o Centro Cultural de
Piúma, com a colaboração de Amilton de
Almeida e de Margareth Taguet, produziu
o vídeo “Piúma Concha”, que contribuiu
sobremaneira para a valorização e a
divulgação do artesanato local.
Dona Carmem, a precursora do artesanato
em Piúma, foi uma pessoa acima de tudo
humanitária. Partilhava seus
conhecimentos com outras pessoas sem
egoísmo, sem medo de concorrência. Pelo
contrário, estimulava as pessoas para a
montagem de suas próprias oficinas.
Em depoimento prestado por ocasião da
realização do vídeo “Piúma Concha”, Dona
Carmem dizia: “Eu peguei as conchinhas e
comecei a colar. Achei que dava um
bichinho qualquer, um pombo, uma sabiá.
E fui colocando e fazendo. Fui criando
as peças, a baiana vi em Guarapari e
comecei a criar também. Não é igual à
deles. A minha é diferente, fui eu que
criei”.
Em todos os balneários do litoral sul do
Espírito Santo, há uma rica variedade de
peças artesanais, a maioria feita em
conchas do mar. São colares, pulseiras,
brincos, pingentes, bibelôs, espelhos,
flores e cinzeiros. Mas o artesanato
local inclui também peças em prata e
ouro, flores artesanais e peças
entalhadas em madeira. Visite as
Feirinha de Artesanato instalada na
Praça Dona Carmem, na orla de Piúma.
Leve para casa um talismã carregado das
energias positivas do litoral. |
|
|
O mais bonito artesanato de conchas
do Brasil
Piúma é o maior produtor de artesanato
de conchas do Brasil. Cerca de 95% do
artesanato em conchas produzido e
consumido no Brasil é de Piúma.
A produção local de artesanato de
conchas se perde no tempo e é
considerada uma herança da cultura dos
nativos das nações Purí e Tupiniquim,
que tinham suas aldeias na região. Os
primeiros colares eram de pequeninos
búzios, chamados “arrozinhos”, que até
hoje são produzidos, e são considerados
os mais genuínos produtos do artesanato
local. E no bairro de Itaputanga, a
tradição é, desde tempos imemoriais, a
produção de um colar de sementes de
linhaça, muito apreciados pelos
turistas.
Mas a produção atualmente se sofisticou:
os artesãos locais importam matérias
primas de diversas partes do mundo. São
produtos cerâmicos do Peru, búzios de
belas formas e cores da África, e
pegoaris e búzios da lama, milhares
deles, comprados em Salvador.
Alguns produtores incorporaram couro,
bambus, palhas, ouro e prata e outras
matérias primas, e o resultado final é
artesanato de alta qualidade, vendido na
melhores butiques do país e que ilustram
catálogo de lojas sofisticadas nos
grandes centros urbanos.
Um artesanato rico e variado
A produção de artesanato de Piúma cresce
e se sofistica. A produção principal é
de colares, divididos em três tipos: o
de búzios arrozinho (o mais antigo e
autêntico produto piumense), os colares
de búzios da lama finos e os colares com
barrete (barrete é um conjunto colorido
que forma o centro do colar, geralmente
enfeitado com búzios maiores e pegoaris). |
|
Mas há muitos outros produtos
artesanais. Dona Carmem, a artesã pioneira, fazia o
famoso cisne de conchas, que se tornou quase um
símbolo do artesanato local. Baianinhas, caravelas,
bibelôs, abajures, cortinas, caixinhas de jóias,
brincos, pulseiras, pregadores de cabelo, tiaras - o
artesanato de conchas permite uma infinidade de
variações estéticas, que ganham prestígio pela
habilidade das mãos do criador, o artesão.
“A beleza de uma peça depende do criador e do
acabamento”, diz Altair Santana, o Lili. Ele garante
que os bons criadores que tem um bom senso estético
são poucos. “Uma peça bem feita logo começa a ser
copiada”, diz.
A aceitação do artesanato de conchas de Piúma é tão
grande que muitas cidades brasileiras vendem um
artesanato local com a inscrição de que é uma
lembrança da cidade, mas que, na realidade, foi
feito em…Piúma. Nessa situação estão todos os
objetos de conchas vendidos em Fortaleza, Salvador,
Rio e no litoral de São Paulo. Assim, aquela formosa
baianinha, que o turista europeu compra com tanto
prazer no Mercado Modelo, e leva como uma lembrança
de Salvador, é, na realidade, uma peça artesanal
habilmente confeccionada por um artista de Piúma.
“Te gusta el cojar de Piúma, señorita”
O artesanato piumense corre o mundo. Todos os anos,
no verão, centenas de vendedores de artesanato, que
são chamados de ‘mangueadores’ saem pelo mundo, com
toneladas de objetos de conchas, que vão ser
vendidos no Rio, São Paulo, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Uruguai, Argentina e Chile.
Os mangueadores alugam casas quando estão em grupos,
instalam barracas em campings. Alguns fizeram curso
de espanhol, e já sabem entabular uma boa conversa
no idioma dos vizinhos latino-americanos. É comum,
nas praias do Chile, ouvir-se um mangueador abrir um
sorriso para a mulher deitada na areia e disparar:
“Te gusta el cojar de Piúma, señorita?”
Como tudo começou
A tradição familiar na confecção de pequenos colares
de búzios arrozinhos e de sementes de linhaça é uma
herança dos índios purís e tupiniquins, que gostavam
de se enfeitar para suas festas cerimoniais. Na era
moderna, as primeiras artesãs a confeccionarem
colares e bibelôs com objetivos de comercialização
foram dona Carmem Muniz Guimarães e dona Adelaide
Germano, na década de 60. Dona Carmen morreu, e seu
busto virou monumento em Piúma, na praça que tem o
seu nome.
Na década de 70, Altair Santana (o Lili) entrou no
processo de fabricação e estabeleceu uma pequena
lojinha no centro de Piúma. Lili garante que foi a
partir dessa lojinha que o negócio começou a se
expandir. “Um cliente do Rio levou algumas peças e
vendeu lá. Depois voltou e encomendou uma grande
quantidade”, diz. A partir daí, segundo Lili, a
comercialização de artesanato de conchas não parou
mais. Vieram clientes de outras praças, de São
Paulo, de Salvador, Fortaleza e Recife.
Com o aumento das vendas, começou um outro processo:
os vendedores de artesanato começaram a ir vender em
outras cidades. Gradualmente, os mangueadores como
são chamados os vendedores de artesanato) cobriram
praticamente todo o território brasileiro, indo
parar até na Argentina, Chile, Venezuela, Portugal e
Espanha. Hoje, o artesanato de conchas de Piúma
corre o mundo.
Josephina Guimarães |
|
|
|